Por que as altcoins estão com o freio de mão puxado?

Entre os investidores de criptomoedas, a pergunta mais comum no mês de janeiro foi: “A altseason já acabou?”.

Se muitas delas deram um razoável “pump” entre novembro e dezembro, a expectativa era que logo no início de 2025 elas começassem a decolar ainda mais.

Em ciclos anteriores, a altseason (temporada de alta valorização das altcoins) tinha início entre 250 e 300 dias depois do halving do bitcoin, geralmente com maior força no primeiro trimestre do ano seguinte.

Neste ciclo atual, tudo indica que o movimento ocorrerá de maneira diferente e mais fraco. Entenda por que e como agir neste momento de incerteza para as criptomoedas alternativas ao BTC.

1) Dominância maior do Bitcoin sobre altcoins

Desde o ano passado, o índice de dominância do Bitcoin permaneceu acima de 55% da capitalização de mercado, ficando em patamar superior de 58% em boa parte desse período. Confira aqui o indicador em tempo real.

Enquanto o Bitcoin concentrar a maior parte de recursos do mercado cripto, as altcoins dificilmente irão decolar. Isso porque para a altseason começar, historicamente, o fluxo de capital precisa sair do BTC para Ethereum, depois para as moedas do top 100 de mercado e, por fim, para as altcoins menores.

Um movimento que pode durar de três a seis meses. Contudo, para a temporada das altcoins esquentar, a dominância do Bitcoin precisa cair abaixo de 50%. Por enquanto, em meio às incertezas macroeconômicas, ainda não há indícios claros disso ocorrer.

2) Ethereum, rainha das altcoins, em estado morno

A segunda maior criptomoeda do mercado não deslanchou como o esperado em 2024, embora tenha registrado crescimento pouco acima de 50%, desempenho bem abaixo do Bitcoin.

A lateralização do preço do ETH nos últimos meses, sem sinais claros de forte subida, influencia também o movimento de capital para as demais altcoins. Historicamente no ano seguinte ao halving do Bitcoin, o primeiro trimestre costumava ser de forte valorização para o Ethereum.

No entanto, janeiro fechou no negativo para o token da principal rede DeFi (Finanças Descentralizadas). Veja aqui o preço da Ethereum em tempo real.

Segundo gráfico do site CryptoRank, a Ethereum começou 2025 em movimento de desvalorização, ao contrário dos anos de altseason dos ciclos passados. A lateralização do ETH contribui para “travar” a valorização das outras altcoins, gerando até certa falta de confiança nos investidores.

3) Menor liquidez e menos cortes de juros

O cenário macroeconômico continua desafiador para alavancar as altcoins. A liquidez de mercado, refletida pela emissão e circulação de dinheiro por parte das autoridades monetárias (bancos centrais), em especial dos Estados Unidos, continua abaixo do esperado até o momento.

Com menos recursos nas mãos das pessoas, entra menos capital no mercado cripto, que atualmente segue avaliado em 3,3 trilhões de dólares no total.

Em meio à menor liquidez, soma-se à decisão do Federal Reserve, o Banco Central americano, que interrompeu em janeiro a série de cortes de juros realizada no ano passado. Ao longo de 2025, o mercado precifica apenas mais duas reduções na taxa, de 0,25% cada, sendo a primeira prevista só a partir de junho.

Até lá, o mercado deve se comportar em ondas, a menos que o governo Trump avance na implementação de medidas favoráveis ao setor. Vale lembrar que a política de redução de juros favorece diretamente os ativos de riscos, incluindo as criptomoedas.

4) Maior volume de altcoins no atual ciclo

Ao longo dos últimos ciclos, a quantidade de altcoins era muito menor do que existe hoje no atual. Com muito mais opções no mercado do que no passado, o capital tende a ficar diluído, sem a crescente valorização geral já vista no passado.

Serão cada vez mais raros tokens com potencial de subida a partir de 10 vezes no curto prazo da altseason.

Para se ter ideia, entre 2013 e 2014, existiam cerca de 500 altcoins. No bull market seguinte de 2017, já eram mais de três mil tokens diferentes.

Em 2021, a proliferação das altcoins bateu até três milhões de ativos disponíveis no mercado.

Já em 2025, estamos falando de nada menos que (pasme!) 36 milhões de altcoins existentes, podendo chegar a 100 milhões.

O Market Cap, ou seja, o dinheiro investido no mercado cripto, não acompanhou essa multiplicação exponencial das altcoins. Isso significa que não há recursos suficientes para o crescimento em massa dos tokens.

Nesse mar aberto, apenas algumas altcoins vão se destacar e entregar resultados, mas talvez com menor força do que se imaginava.

Conclusão

A euforia de mercado do final de 2024 para as criptomoedas deu lugar à maior cautela no início de 2025. A principal aposta do ciclo de alta continua sendo o Bitcoin, com preços-alvos de 150 mil dólares a 250 mil dólares, bem como algumas altcoins de narrativas/segmentos que podem ser tendências, como RWA (Ativos do Mundo Real), Defi (Finanças Descentralizada) e Agentes de Inteligência Artificial.

Aqui no Blog, não fazemos recomendações de investimentos. No atual momento de mercado, nossa exposição de carteira está em 90% em Bitcoin. Os outros 10% estão alocados em altcoins que acreditamos fazer sentido no longo prazo por meio de projetos mais consistentes.

Aos investidores mais imprudentes e ousados, é preciso tomar cuidado com a volatilidade do curto prazo, sem usar recursos que podem fazer falta.

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